Com um cenário de forte
polarização, em Pernambuco o segundo turno da disputa para o governo do estado
na prática já está acontecendo. É o que revela a primeira pesquisa Ipespe
publicada com exclusividade pelos Diários Associados. De acordo com o
levantamento, tanto o candidato do PSB, Paulo Câmara, quanto o candidato do
PTB, Armando Monteiro Neto, têm 33% das intenções de votos na pesquisa
estimulada, na qual os nomes dos concorrentes são apresentados para o
entrevistado. Os outros candidatos não chegaram a pontuar 1%; a soma dos
eleitores que pretendem votar nulo, branco ou em nenhuma das opções disponíveis
ficou em 9% e os indecisos representam 24% - percentual considerado baixo por
especialistas. Para essa pesquisa foram entrevistadas 2 mil pessoas entre os
dias 9 e 11 de setembro. Os resultados têm margem de erro de 2,2 pontos
percentuais para mais ou para menos.
A pesquisa Ipespe retrata
o quadro sucessório antes do 30º dia da morte do ex-governador e presidenciável
Eduardo Campos (PSB). Eduardo foi vítima de um acidente aéreo no dia 13 de
agosto e o episódio deu uma guinada na campanha local. “A soma dos eleitores de
Paulo Câmara e Armando revelam uma forte polarização. Caso algum desses
candidatos consiga livrar uma pequena diferença para o outro poderá decidir a
eleição no primeiro turno”, diz Adriano Cerqueira, cientista político,
professor do Departamento de Gestão Pública da Universidade Federal de Ouro
Preto e analista de pesquisa dos Diários Associados.
Se forem considerados
apenas os válidos, contabilizando-se dessa forma só as intenções de votos
nominais, Paulo aparece com 50% e Armando
com 49% (não fecha em 100% em decorrência dos decimais). Na pesquisa
espontânea, Paulo aparece com 25% e Armando com 20%. A diferença supera a
margem de erro. Na espontânea, o entrevistado precisa lembrar sozinho do nome
do seu candidato.
Efeito eduardo
Nesta primeira pesquisa
Ipespe, ficou claro o efeito da morte de Eduardo sobre a campanha de Paulo.
“Ele foi o candidato que o eleitor de Pernambuco identificou como o de Eduardo
e isso impulsionou sua candidatura, se levarmos em conta como comparação a
pesquisa do Instituto Datafolha no dia 15 de agosto deste ano”. No Datafolha,
Armando estava com 47% e era o favorito; Paulo tinha 13%. O Ipespe perguntou
“Quem o senhor acha que seria o candidato de Eduardo Campos para o governo?” e
47% dos eleitores disseram que viam Paulo Câmara como candidato. Apenas 8%
apontaram Armando Monteiro. Dentro desse grupo, nota-se que os homens ainda têm
mais clareza sobre a vinculação entre Eduardo e Paulo.
No quadro geral, outro
dado que chama a atenção: a maioria do eleitor demonstra querer um candidato de
continuidade (41%) para governar o estado; 32% querem um candidato de oposição.