Artigo do Everaldo Paixão ( ARARIPINA E O TEMPO... NEGRO DA SUA HISTÓRIA POLÍTICA )


Eu volto a usar este espaço alternativo para mais uma crônica, quem sabe um pouco insossa, mas verdadeira e indignada.

Estamos vivenciando um tempo em Araripina nunca visto na história das suas gestões administrativas. As quatros gestões anteriores  são fichinhas diante do partidarismo, das pressões, das picuinhas, das caçadas aos opositores, que têm deixado eles como animais acuados. Vivenciamos agora um tempo de medo, de ameaças, de horrores, de ódio, autoritarismo, arbitrariedades e outros termos mais que já fizeram o país se calar ou se ocultar diante do absurdo praticado pela ditadura militar.

As pessoas que conhecemos como corajosas, sem medo de enfrentar uma luta em prol de uma categoria, de um coletivo, recuam. Uma parte por medo de retaliações, outra parte por covardia mesmo, e outra porque se corrompe facilmente. Eles querem falar, alguns até procuram o editor deste blog, mas se acham sozinhos e ameaçados em seus direitos. MEU DEUS!!! A maioria da população deu a resposta ao governo municipal mesmo assim de forma silenciosa, respondeu nas urnas, mas também tem sofrido os horrores dessa ordem democrática que não têm sido respeitada. Como a jornalista Veronica Guerin, que enfrentou  a Máfia e o Tráfico de drogas em Dublin, Capital da Irlanda (http://www.everaldopaixao.com.br/2014/12/o-custo-da-coragem.html), apesar de não chegarmos a esse extremo, mesmo assim somos submetidos a todo tipo de ato que chocaria qualquer democrata verdadeiro.

Eles mandam em tudo no município. As repartições públicas são como extensões privadas. Usam a cor do partido, perseguem servidores, mandam em boa parte da imprensa (até a que faz oposição começa a dar sinais de que teme e começa a usar uma estratégica metafórica ou talvez macunaímica, para se sobressair).

É ou não é DITADURA?

Até pensei em fazer um jornalismo sem muita subjetividade, seria abnegar o meu ideal, usando o sentido figurado, a metáfora, como faziam a maioria dos artistas e políticos opositores da Ditadura, para escapar dos absurdos praticados e idealizados pelo regime militar.

Mas este não é o meu perfil. A subjetividade ainda é a mágica e a ideia daqueles que querem e gostam de fazer jornalismo com uma criticidade mais autêntica, sem disfarce e verdadeira, sem menosprezar o jornalismo investigativo que é o espelho para quem compõe a crônica jornalística.

Tenho sofrido como poucos as retaliações de um governo socialista/ditador. Mas faz parte do histórico deles, porque tenho sido uma coragem individual que tem se insurgido contra o atual governo. Tenho praticado atos insólitos de atitudes e de coragem, não querendo abdicar do desejo de ideias próprias, mesmo sendo taxado de idiota e aluado, que fica comprando a briga dos outros.

Sempre penso que a briga é nossa, porque o que acontecer de bom no município, todos usufruirão, seja na saúde, na educação, na infraestrutura, no trânsito, enfim. Esse é o meu intento, não ganho nada por isso, aliás, tenho a cada dia sacrificado as minhas finanças justamente por defender essa ideia de imparcialidade que alguns poucos ainda têm dúvida. Eu não tenho, e isso para mim é o bastante.

O interessante de tudo isso e da minha história de vida, é que nunca imaginei o futuro como muitos pensam,  que o próximo político de plantão terá afinidade com tuas ideias e tudo ficará numa boa  - já passei por essa experiência quando vivi 12 anos sendo perseguido por causa de um deles, e quando o mesmo camarada sentou na cadeira do poder, eu era apenas ignorado por ele. O tom sempre será o mesmo, e os políticos sempre serão os mesmos. Quero sempre viver nesse porre homérico com as palavras.

Afasta de mim esse cale-se (do verbo calar).

"A pátria não é ninguém; são todos; e cada qual tem no seio dela o mesmo direito à ideia, à palavra, à associação. A pátria não é um sistema, nem uma seita, nem um monopólio, nem uma forma de governo; é o céu, o solo, o povo, a tradição, a consciência, o lar, o berço dos filhos e o túmulo dos antepassados, a comunhão da lei, da língua e da liberdade. "

Rui Barbosa
Hoje você é quem manda
Falou, tá falado
Não tem discussão
A minha gente hoje anda
Falando de lado
E olhando pro chão, viu
Você que inventou esse estado
E inventou de inventar
Toda a escuridão
Você vai pagar e é dobrado
Cada lágrima rolada nesse meu penar


Trecho da Música APESAR DE VOCÊ de Chico Buarque.