O que afinal é notícia?

Por Bruno Cardoso

Se um cachorro morde um homem, isso não é notícia. Se o homem morde o cachorro, também não é notícia. Se o homem estivesse pagando ao cachorro por seus favores sexuais, aí sim seria notícia. Mas não seria uma notícia de primeira página. Para ser manchete, o cachorro teria de ser menor de idade e o homem deveria ter um cargo importante no governo. Ou o cachorro e o homem deveriam ter, ambos, o mesmo sexo – a menos que trabalhassem no cinema, o que transformaria a manchete numa notinha da coluna de fofocas. Se o cachorro tivesse falsificado o nome de alguém bastante conhecido num cheque, aí seria notícia de novo. Agora, se o cachorro fosse um grande anunciante, o caso teria muito menos interesse do que poderia parecer a princípio.

A definição é de Júnia Nogueira de Sá, na época ombudsman da Folha de S. Paulo, em 8 de maio de 1994, baseada na frase de Charles Anderson Dana (1819-1879) que se tornou célebre nas universidade de Jornalismo e nas redações: “Se um cão mordeu um homem, isso não é notícia. Mas se um homem morder um cão, isso é notícia!”.


E hoje, com as mídias sociais, o Churnalism e com a sobrecarga de informações. O que é notícia? Tudo? Ou nada?