Se um cachorro morde um
homem, isso não é notícia. Se o homem morde o cachorro, também não é notícia.
Se o homem estivesse pagando ao cachorro por seus favores sexuais, aí sim seria
notícia. Mas não seria uma notícia de primeira página. Para ser manchete, o
cachorro teria de ser menor de idade e o homem deveria ter um cargo importante
no governo. Ou o cachorro e o homem deveriam ter, ambos, o mesmo sexo – a menos
que trabalhassem no cinema, o que transformaria a manchete numa notinha da
coluna de fofocas. Se o cachorro tivesse falsificado o nome de alguém bastante
conhecido num cheque, aí seria notícia de novo. Agora, se o cachorro fosse um
grande anunciante, o caso teria muito menos interesse do que poderia parecer a
princípio.
A definição é de Júnia
Nogueira de Sá, na época ombudsman da Folha de S. Paulo, em 8 de maio de 1994,
baseada na frase de Charles Anderson Dana (1819-1879) que se tornou célebre nas
universidade de Jornalismo e nas redações: “Se um cão mordeu um homem, isso não
é notícia. Mas se um homem morder um cão, isso é notícia!”.
E hoje, com as mídias
sociais, o Churnalism e com a sobrecarga de informações. O que é notícia? Tudo?
Ou nada?