Por Everaldo Paixão | Ponto de Vista
Lendo a entrevista do
Filósofo Francês, Régis Debray, concedida a Revista Época, me despertei para
uma realidade, saindo um pouco do idílico, sem perde jamais a esperança, mas me
transportando para o engodo que a política realmente tem sido.
Eu observo (só observo)
muito nos grupos de discussões formados no aplicativo de mensagens
instantâneas, as pessoas partirem para o embate (“democrático”), sempre
tentando transparecer a ideia de que propostas, pluralismo, devem ser a pauta
voltada para um coletivo nas mensagens enviadas. Alguns deles, se dizem
defensores do que é bom para o “bem comum”, mas na prática os conhecemos como
defensores ferrenhos dos seus interesses. Alguns falam bonito; se vangloriam;
se autopromovem e questionam sempre os políticos, mesmo todos nós sabendo que
vivem da prática que sempre envolve o seu bem-estar.
Aí então nos voltamos para
as sábias palavras de Debray: “Numa democracia, a única maneira de chegar ao
poder é fazendo promessas. Todas as campanhas eleitorais são mentirosas.
Políticos querem seduzir a qualquer preço. O oportunismo é a base desse
exercício”.
E Araripina? Há quantas
décadas não vem sendo empurrada por essa prática inescrupulosa? E os homens de
discursos capazes de nos embriagar, de famílias nobres, que sempre foram
pautados pela a devoção ao amor a esta terrinha e a sua gente? Onde estão? Onde
sempre estiveram. No poder. E basta uma palavra a mais (como foi no caso do
editor deste), uma citação, nomear ou intitular, rotular, as majestades desta
cidade, como os verdadeiros proprietários do patrimônio do povo, aí as novas
armas de censura intituladas de “ações judiciais”, são os instrumentos
para tentar emudecer-te. Já pensou? Que
você jamais, não sendo claro, detentor de um SOBRENOME tradicional, não poderia
nunca pensar em assumir um cargo público, se tivesse algum impedimento na
justiça. Aqui pode. Em Pernambuco pode. A justiça é rápida no gatilho quando é
para acelerar os seus “atos constitucionais” contra os párias desta pátria.
Contra os poderosos, as ações viram espetáculo. Operação para prender pobre é
fácil, mas para prender rico, que rouba muito, são anos de investigação, até
que os crimes prescrevam.
Debray fala que somos
todos corrompidos de uma maneira ou de outra. Aí você diz: - Eu não! Como se o
verbo calar, não significasse nada. Como se conjugar o verbo “omitir” não
significasse “o mesmo que deixar de expressar”. Ah! Mas tem um porém: - Eu falo
mesmo o que penso. E alguns falam porque acreditam que tem político de plantão
interessado no seu poder de persuasão. Outra forma de se corromper. Quem não
aparece é esquecido.
Debray afirma nas
entrelinhas “que a única forma de permanecer incorruptível é permanecer dentro
de seu quarto”. Se você sai à rua e ainda por cima assume o poder, já faz
concessões e assume compromissos que nunca serão cumpridos. Tem alguém em
mente?
O mais importante da
entrevista é quando indagado sobre o voto popular, se ele é um agente
transformador, ele diz simplesmente que os referendos perderam a importância e
que a “elite tecnocrata no poder não está nem aí para o voto popular, porque
decide o que mais lhe convém”.
Mesmo assim Debray diz que
“O homem não pode deixar de sonhar. Não pode sucumbir à dominação do dinheiro e
da força”. E é nesse intento que o alento aparece para conduzir os verdadeiros
democratas, os sonhadores, os idealistas a um mundo menos devasso, porque tudo
segue em direção a uma Sodoma e Gomorra contemporânea, onde os recursos naturais,
o povo, a prostituição política, os profissionais da mentira e da falsidade,
cairão no mesmo abismo dos justos.
Precisamos parar de
alimentar a nossa gula; o desejo passional e egoísta; o apego excessivo ao
dinheiro; o sentimento de raiva; a inveja; a preguiça; o orgulho e a vaidade,
pois só assim poderemos avançar no discurso verdadeiro do bem comum. Para isso,
precisamos fugir mais da artificialidade e NOS tornamos mais adeptos da
originalidade. Faz bem.
Pensem nisso.