O ex-presidente da Camargo
Corrêa e delator da Lava Jato, Dalton dos Santos Avancini, afirmou aos
investigadores da operação ter se encontrado em 2010 com o empresário e
ex-sócio de Eduardo Campos, Aldo Guedes Álvaro no shopping Iguatemi, em São
Paulo, para acertar o suposto pagamento de propina de R$ 20 milhões da
empreiteira para abastecer o caixa 2 da campanha à reeleição do então
governador de Pernambuco. A informação foi divulgada nesta sexta-feira (23)
pelo jornal O Estado de São Paulo.
De acordo com o jornal, a
primeira citação aos R$ 20 milhões foi feita pelo ex-diretor de Abastecimento
da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, primeiro delator da Lava Jato – ele citou
deputados, senadores, governadores e ex-parlamentares que teriam sido
beneficiários de recursos ilícitos tirados de contratos de empreiteiras com a
estatal petrolífera.
Aldo Guedes Álvaro é
investigado pela Polícia Federal por suspeita de ser o verdadeiro dono do
jatinho usado na campanha de Campos no ano passado e também foi alvo de buscas
durante a Operação Politeia, desdobramento da Lava Jato que investiga políticos
no Supremo Tribunal Federal.
ALDO GUEDES
Após a operação, em julho, o
empresário deixou o cargo de presidente da Companhia Pernambucana de Gás,
Copergás. Homem de confiança de Campos, Guedes era seu sócio na Fazenda
Esperança, área de 210 hectares, e na Agropecuária Nossa Senhora de Nazaré, em
Brejão (PE). Ele também é casado com uma prima da família.
Ao JC, o advogado Ademar
Rigueira, que representa o ex-presidente da Copergás, negou todas as acusações
presentes na matéria. Ele disse que o ex-sócio de Eduardo Campos prestou um
depoimento há dois meses em que informou nunca ter encontrado com Avancini e
que nunca participou do comitê financeiro da campanha do ex-governador. “Aldo é
uma pessoa pública, conhecida, era sócio de Eduardo, presidente da Copergás. O
nome dele foi trazido porque ele é uma pessoa pública, mas ele nunca teve esse
contato”, afirmou Rigueira.
‘Contribuição’
Ainda segundo o Estadão, no
encontro, relatou Avancini, Aldo teria cobrado a “contribuição” de R$ 20
milhões e afirmado que ela havia sido prometida pelo ex-diretor de Abastecimento
da Petrobrás Paulo Roberto Costa.
O valor deveria ser pago
pelas empresas que tinham conseguido contratos nas obras da Refinaria de Abreu
e Lima, megaempreendimento da estatal no Estado de Pernambuco, dentro do
esquema de corrupção instalado na Petrobrás.
Na época diretor de Óleo e
Gás da Camargo, Avancini afirmou a Aldo que a empresa não teria condições de
arcar com este valor, o que teria deixado Aldo contrariado. “Que, observa que
Antonio Miguel Marques (na época presidente da Camargo), ao que recorda, lhe
informou que o teto máximo da contribuição a ser fornecida pela Camargo seria
de 12 milhões de reais; que, ao informar a Aldo Guedes qual seria o teto da
contribuição da Camargo, Aldo ficou contrariado e disse que isso não era o
combinado, todavia acabou aceitando a proposta e mencionou que o valor deveria
ser disponibilizado rapidamente”, relatou o executivo aos investigadores.
Avancini então respondeu que
não poderia fazer a transferência tão rápido pois ” iria ser estudada uma forma
de realizar o repasse”. Apesar de contrariado, Aldo Guedes acabou aceitando.
Posteriormente, segundo o delator, a tarefa de viabilizar o repasse da propina
foi encaminhada ao então gerente de contrato da Camargo Corrêa para a RNEST,
Paulo Augusto Santos da Silva. O valor repassado para o caixa dois teria sido,
então de R$ 8,7 milhões por meio de um contrato de fachada da empreiteira com a
empresa Master Terraplenagem.
A Camargo Corrêa vem
colaborando com as investigações da Lava Jato e tem evitado comentar as
delações de seus executivos. A reportagem entrou em contato com o PSB, mas não
obteve retorno do partido até a conclusão do texto.
Quando questionado sobre a
suposta propina a Campos, a sigla afirmou por meio de nota: “O Partido
Socialista Brasileiro (PSB) informa que todos os recursos que financiaram as
campanhas de Eduardo Campos para o governo de Pernambuco foram arrecadados
legalmente. Inclusive, a conta referente a 2010 foi aprovada pelo Tribunal
Regional Eleitoral de Pernambuco.”
A reportagem do Estadão
tentou contato por telefone com Aldo Guedes, mas o empresário não atendeu as
ligações e nem retornou as mensagens. A reportagem também entrou em contato com
o escritório do advogado de Aldo, mas não conseguiu falar com ele. Do Jamildo
Marcadores: diz delator, Ex-sócio de Eduardo Campos teria negociado propina de R$ 20 milhões na Petrobras