Coluna da terça-feira "O que une Lula e Eduardo Cunha?"

Muitas coisas unem os dois. A facilidade de mentir, por exemplo.
A principal coisa no momento?

A irritação com Dilma, a quem acusam em conversas reservadas de estar pouco se lixando para as dificuldades que eles enfrentam com a Operação Lava-Jato, do juiz Sérgio Moro.

Lula e Eduardo queriam que Dilma enquadrasse o ministro José Eduardo Cardoso, da Justiça, e que esse, por sua vez, enquadrasse a Polícia Federal para deixá-los em paz.

Se um dos dois estivesse no lugar de Dilma, procederia assim em defesa de aliados. Não importava que com isso mandasse os escrúpulos às favas.
Não se faz política com escrúpulos, mas com realismo. E aos amigos, tudo. Aos inimigos, os rigores da lei.

Lula não foi atrás de votos de ministros do Supremo Tribunal Federal para absolver os mensaleiros, seus antigos amigos e auxiliares?

E por que Dilma não fez até aqui o que lhe cobram Lula e Eduardo?

Porque ela concluiu que deixar correr livremente a Lava-Jato conta pontos a seu favor. Afasta o perigo do impeachment. E conta pontos contra Lula e Eduardo.

Ela jamais viu Eduardo como um aliado. Lula, já viu, não vê mais. Ele não pode ficar tão fraco que não possa ajudá-la. Mas nem tão forte que a ameace ou subjugue.
É um jogo difícil para Dilma. Tem sido desde que se elegeu pela primeira vez.

Há momentos que Lula tem vontade de romper com ela, passando a fazer oposição ao seu governo.

Há outros em que ele imagina que só conseguirá salvar sua candidatura a presidente em 2018 se Dilma se recuperar.

É por isso que ora ele fala bem dela, ora mal.
Dilma não se sente devedora de Lula. Ele a escolheu porque não teve outro jeito. Os candidatos naturais, José Dirceu e Antonio Palocci, estavam politicamente mortos.

De resto, Dilma pensa que Lula deixou várias bombas de efeito retardado para que ela as desativasse se pudesse.

Ela não pôde ou não quis. A bomba da corrupção, que saqueava a Petrobras, acabou estourando no colo de Dilma.


Lula tem ambições políticas. Dilma não tem. Nunca teve. Depois de deixar a presidência, se recolherá a Porto Alegre na companhia da filha e do neto.


Quanto menor é a economia de estados e capitais, maior é o gasto com parlamentares

O Produto Interno Bruno (PIB) per capita de Pernambuco - soma dos bens e serviços produzidos em determinada região dividido pela quantidade de habitantes - é de R$ 13,1 mil, um dos menores do país. Mas o estado gasta mais com seus 49 deputados que o Rio de Janeiro, que tem um PIB duas vezes maior e uma Assembleia Legislativa com 21 parlamentares a mais. A tendência é observada em outras unidades da Federação, segundo levantamento realizado pela ONG Transparência Brasil. Os dados mostram uma realidade na qual estados mais pobres gastam, em média, 20% a mais que os mais ricos para manter os representantes do Legislativo. Nas capitais de menor poder econômico, a despesa com os vereadores é 16% maior que as registradas por cidades com mais recursos financeiros.

Apesar de, entre as capitais, ter um dos maiores PIBs per capita do país (R$ 23,6 mil), Recife também se encaixa nessa realidade. Para se ter uma ideia, o custo médio de cada um dos 39 vereadores é de R$ 24,5 mil. Na capital fluminense, que tem um PIB de R$ 34,5 mil por habitante (R$ 10,9 mil a mais), o gasto médio com cada um dos 55 legisladores é de R$ 17,5 mil  (R$ 7 mil a menos).  Ainda segundo a pesquisa, os gastos com os legisladores recifenses são quase duas vezes maiores que a média dos gastos com cada um dos 41 vereadores de Belo Horizonte, que é de R$ 13,6 mil.

O levantamento leva em consideração salários, verbas e auxílios diversos concedidos aos representantes dos legislativos estaduais e municipais, sem incluir na conta as verbas de gabinete. “É algo desproporcional. O que se esperaria era que fosse justamente o contrário”, diz Juliana Sakai, coordenadora de pesquisa da Transparência Brasil e uma das responsáveis pelo levantamento. De acordo com ela, a inversão ocorre porque nos municípios com uma economia menor a capacidade de controle dos gastos é reduzida. “Assim, os parlamentares conseguem inflar seus gastos, seja por meio da verba indenizatória ou de outras despesas”, pontuou.

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