Juiz Moro condena Dirceu a 23 anos de reclusão na Operação 'Lava Jato'


O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu foi condenado nesta quarta-feira a 23 anos e três meses de prisão em regime fechado no âmbito da Operação Lava Jato. O juiz federal Sergio Moro divulgou a sentença pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Dirceu foi considerado culpado pelo recebimento sozinho de cerca de R$ 15 milhões em propinas, incluindo recursos provenientes de superfaturamento de contratados com os quais a Petrobras teve que arcar com prejuízo.

Por desvios nos cofres públicos o fato merece "reprovação especial", segundo o juiz. Soma-se aí 10 anos de pena, pelo registro de cinco crimes de corrupção, continuidade delitiva e majoração de 1/2.

"O mais perturbador, porém, em relação a José Dirceu de Oliveira e Silva consiste no fato de que recebeu propina inclusive enquanto estava sendo julgado pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal a Ação Penal 470 [mensalão], havendo registro de recebimentos pelo menos até 13 de novembro de 2013", diz o texto de Moro. "Nem o julgamento condenatório pela mais Alta Corte do País representou fator inibidor da reiteração criminosa, embora em outro esquema ilícito."

Pelo crime de lavagem de mais de R$ 10 milhões, Moro fixou pena de nove anos e dois meses de reclusão. Foi reconhecida mais uma vez a continuidade delitiva em pelo menos oito crimes, elevando a pena do mais grave em 2/3.

O juiz federal cita novamente o antecedente criminal de Dirceu, quando condenado pelo mesmo crime no julgamento do mensalão. Segundo ele, a lavagem envolveu "especial sofisticação", já que contou com transações escusas e simulação de prestação de serviços com diversos contratos e notas fiscais falsas, tudo para pagamento de vantagens indevidas.

"Valores de propina ainda foram ocultados em reformas de imóveis realizadas no interesse do condenado, mas que sequer estavam em seu nome", afirma Moro. "Consequências devem ser valoradas negativamente. (...) A lavagem de significativa quantidade de dinheiro merece reprovação a título de consequências."

Para organização criminosa, Moro considera que não houve estrutura hierarquizada nos episódios constatados, não se tratando, portanto, de "tipo mafioso". "Não reconheço José Dirceu de Oliveira e Silva como o comandante do grupo criminoso, pelo menos considerando-o em toda a sua integralidade (empresários, intermediários, agentes públicos e políticos)."

Como não houve agravante, além da cooptação de Renato Duque e Pedro Barusco, o juiz utiliza a pena mais branda de quatro anos e um mês.

Fonte: Com informações da Exame

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