Baião, que já foi dança da moda do Brasil, completa 70 anos


JOSÉ TELES

Em maio de 1946, o grupo vocal Quatro Azes e 1 Curinga lançou um 78 rotações, trazendo o samba De Quem É o Azar (Gil Lima/Nelson Teixeira), na face principal, e no lado B, Baião (Luiz Gonzaga/Humberto Teixeira). Nem o grupo, nem a gravadora tinham ideia da importância daquele disco, que só seria lançado para valer em outubro. O próprio Luiz Gonzaga somente gravaria baião dali a três anos.

Setenta anos depois, o baião é parte intrínseca do idioma da música popular brasileira e internacional, como o samba ou a bossa nova. Dominguinhos, autor de dezenas de baiões antológicos, considerava o baião a mais importante das estilizações realizadas por Luiz Gonzaga de ritmos nordestinos. Para ele, baião definia melhor a música nordestina do que o termo forró.

 Há quem questione que a bossa nova tenha sido criada em prédios da Zona Sul carioca. O baião, não se tem dúvidas, nasceu num prédio da Rua Calógeras, entre o final da Zona Sul e início do Centro do Rio, no escritório do advogado Humberto Teixeira. Uma rua de trânsito movimentado, onde funciona até hoje um dos históricos pontos da boemia da então capital do país, o Vilarino.


 Assim como alguns ritmos dançantes que importamos dos Estados Unidos, como o shimmy (no começo do século), ou mais tarde o mashed potatoes, ou o twist, o baião foi pensado como uma música e uma dança. Está explícito na letra, de Humberto Teixeira ("Eu vou contar pra vocês/como se dança o baião/e quem quiser aprender/é só prestar atenção"). Tal como outras danças da moda, o baião virou uma febre, porém durou mais do que uma temporada. Leia mais>>>

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