AS TRADICIONAIS FAMÍLIAS SEMPRE ESTIVERAM NO PODER EM ARARIPINA

O LIVRO ARARIPINA – HISTÓRIA, FATOS E REMINISCÊNCIAS, NÃO NOS DEIXA MENTIR

Se alguém perguntasse a você quem foi o primeiro prefeito de Araripina, certamente responderia Francisco da Rosa Muniz – o conhecido Chiquinho Cícero. Em verdade não foi ele o primeiro a governar nossa terra, mas outro nome já ligado às raízes que formaria toda uma árvore genealógica que dominou e continua dominando como uma hierarquia que nunca foi quebrada, o poder que sempre esteve nas mãos das “Famílias Tradicionais” do nosso Município. O primeiro prefeito de Araripina, Joaquim José Modesto, é o princípio de uma era que até hoje nunca foi ameaçada, mesmo com outras famílias tradicionais assumindo o poder no Município, sempre houve a polarização de duas famílias que acabavam apenas invertendo a ordem e se mantendo no comando dos destinos dos munícipes.

Veremos então a sequencia dessa hierarquia tradicionalista a partir do próprio Francisco da Rosa Muniz, que fora nomeado prefeito por conta da Revolução de 1930. Nos atos mais nove nomes o sucederia a exemplo de João Cavalcanti Lima, Joaquim Alexandre Arraes – o Major Quincó, José Deodato Santiago, novamente Joaquim Alexandre Arraes, Manoel Ramos de Barros, José Araújo Lima, Ademar Alves de Freitas, Rubem Neri da Silva, Luiz Gonzaga Duarte.

Logo depois da Revolução de 30 e com a queda de Getúlio Vargas em 1945, vislumbrou-se então a democracia. Manoel Ramos de Barros, Seu Né, é eleito prefeito em 1947 pelo PSD, numa chapa que encabeçara com Joaquim Pereira Lima, o Quinca Livino. Luiz Gonzaga Duarte seria o próximo prefeito eleito pelo PSD em 1951 e em 1955 novamente o candidato do PSD – Joaquim Pereira Lima assumiria em um acordo polarizado e em 1959, pela terceira vez Manoel Ramos de Barros sentava na cadeira da prefeitura também pelo PSD.

Em 1963, Sebastião Batista Modesto (Sebasto) quebrava a polarização entre PSD e UDN e se elegeria pelo PTB. Em 1968 Raimundo Batista de Lima (Dosa) é eleito prefeito pela ARENA, e em seguida nas eleições de 1972, Sebastião Batista Modesto assumia a prefeitura pela segunda vez também pela ARENA. Em 1976, Dr. Pedro Alves Batista é eleito prefeito pela ARENA 1, em uma disputa em que a ARENA 2, tinha José Valmir Ramos Lacerda como candidato e Divágoras Bezerra de Holanda pelo MDB.  Em 1982 Valmir Lacerda é o vitorioso pelo PSD numa chapa aglutinada pelo então Governador José Ramos Muniz,, com Emanuel Santiago Alencar.

Na sequência foi eleito para prefeito em 1988 – Dr. Valdemir Batista de Souza; Em 1992 - Maria Dionéa de Andrade Lacerda (esposa de Valmir Lacerda); no ano de 1996 – Emanuel Santiago Alencar – Bringel é eleito prefeito e reeleito em 2000; Em 2004 – Valdeir Batista de Souza (irmão de Valdemir) se elege prefeito com o apoio de Bringel; Em 2008 - Luiz Wilson Ulisses Sampaio (Lula) desafia as velhas raposas da política local e se elege prefeito mais é afastado em dezembro de 2011; E finalmente em 2012, depois de assumir 180 dias de interino no lugar de Sampaio, o preferido do então governador Eduardo Campos (morto em um acidente aéreo em agosto de 2014) Alexandre José Alencar Arraes, é eleito prefeito de Araripina, mantendo assim a hegemonia tradicionalista.

Se o leitor de O Grande Jornal perceber que não precisa de lupa e nem de uma imaginação brilhante, que o poder em Araripina segue nas mãos das famílias tradicionais e que desafiar essa hierarquia institucionalizada e predominante no Município é importante para quebrar esse paradigma, já é o suficiente como análise criteriosa para entender que está tudo errado e precisando de mudanças urgentes.

Portanto, ou mudamos o que desde quando o Município se emancipou vem sendo mantido como proposta para governar e manter as mesmas tradicionais famílias no poder, ou seremos eternamente meros gados para os currais eleitorais.


Matéria de O Grande Jornal - Mês de Junho

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