O cartão de visitas do espaço é uma réplica, em tamanho real, do Angaturama limae (significa “nobre” em tupi), dinossauro que habitava a África e viveu na Chapada do Araripe no período cretáceo (época da extinção dos dinossauros e surgimento das primeiras plantas com flores e frutos). O animal, de 3,5 metros de altura e 6 de comprimento, foi descrito (identificado pela primeira vez) em 1991 pelos paleontólogos Doogins de Almeida Campos (Departamento Nacional de Produção Mineral) e Alexander Kellner (Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro). Ele se alimentava de peixes, tinha crânio comprido e achatado e narinas na parte de trás da cabeça. A réplica foi construída com uma estrutura de ferro, preenchida por polietileno e revestida com tecido para dar efeito de pele. “O fêmur do Angaturama, encontrado aqui em Santana, está no Museu Nacional (RJ). Mas o restante dos ossos foi contrabandeado para a China e Inglaterra”, lamenta a coordenadora do museu, Paula Correia.
O contrabando, aliás, tem fornecido acervo a muitos museus pelo mundo afora. “O Smithsonian (Washington, Estados Unidos) tem cerca de seis mil fósseis da bacia do Araripe. Também há muitas peças no Museu de História Natural de Nova Iorque ”, revela Paula Correia. Ela conta que, em 2007, uma crista bem preservada de um pterossauro Tapejara imperator (réptil voador) foi vendida por R$ 50 na região e, posteriormente, arrematada em leilão num site norte-americano por 1,2 milhão de dólares. Por essas e outras, o museu tem feito trabalho de conscietização nas escolas na tentativa de evitar o comércio ilegal. A legislação brasileira não permite a venda de fósseis.
A formação Santana, de onde sai a maioria dos fósseis da bacia sedimentar do Araripe, é tão importante, paleontologicamente falando, que tem seu próprio dinossauro. Ancestral do famoso Tiranossauro Rex, o Santanaraptor – nome dado para homenagear o local onde foi encontrado e indicar que era um animal veloz –, de 110 milhões de anos de idade, foi descoberto em 1991 e catalogado pelo paleontólogo Alexander Kellner. Como o fóssil encontrado tinha tecidos moles petrificados, foi possível reconstituir o couro, músculos e vasos sanguíneos. “Até o DNA foi recuperado”, conta Paula. Uma réplica perfeita de 1,68 metro de comprimento e 80 centímetros de altura está disponível no museu. Não existe registro de outra, no mundo inteiro, produzida a partir de tecidos não ósseos.
JC/PE